Falta de governança e gestão, essas são uma das principais críticas dos servidores que trabalham no INSS, que informou a volta presencial dos trabalhos nesta segunda, 14. Para os trabalhadores, não há condições sanitárias para a volta, nem protocolos corretos para preservação da saúde de segurados e trabalhadores. Foi justamente para debater a retomada dos trabalhos no órgão governamental que o deputado Sandro Pimentel (PSOL), realizou, de forma remota, uma audiência pública com gestores e servidores do INSS. O pedido da audiência foi feito pelo Sindicato dos Trabalhadores Federais em Previdência, Saúde e Trabalho do Estado do Rio Grande do Norte.
Participaram da audiência Daniel Emanuel – Diretor da FENAPS – Federação Nacional dos Sindicatos dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social , Moacir Lopes – Diretor da Secretaria de Administração e Finanças – FENASPS, Cicero Nogueira – Representando o SINDPREVS – Sindicato dos Trabalhadores Federais em Previdência, Saúde e Trabalho do Estado do Rio Grande do Norte, Jansen Kladno Nascimento Dias Xavier – Gerente Executivo do INSS Mossoró, Viviane Pacheco Dantas – Vice-presidente da Comissão de Seguridade Social da OAB e Thiago Souza de Andrade – Gerente Executivo substituto do INSS Natal. Além deles, outras 45 pessoas também entraram na audiência para acompanhar pela plataforma ZOOM.
O déficit de pessoal no INSS só se agrava, já são pelo menos 34 mil vagas ociosas, sem a indicação de reposição pelo governo. Isso impõe uma pressão extra sobre os trabalhadores, muitos deles também pertencentes ao grupo de risco da Covid-19. Os médicos- peritos já informaram que não retomarão às atividades por não haver um protocolo sanitário que proteja os trabalhadores. Os servidores afirmam que falta insumos básicos, equipamentos de proteção individual e, até, termômetros nas unidades do INSS.
Os servidores presentes na audiência denunciaram a postura irresponsável do governo Bolsonaro de retomar os trabalhos presenciais e afirmaram que iniciarão o que chamaram de “greve sanitária”, com a recusa de realizar os atendimentos presenciais até que haja condições de trabalho com o menor risco. Os trabalhadores afirmaram que estão dispostos a cumprir as demandas via teletrabalho, mas que só retornam aos postos físicos do INSS com protocolos rígidos de cuidado para servidores e segurados.
Os servidores também questionam a reabertura pelo perfil do público atendido no INSS, que engloba os grupos de risco da Covid-19, notadamente os idosos. Para as entidades de classe, há riscos de propagação da doença entre segurados que já estão com quadros graves de enfermidade.
“Acho que audiência mostrou, mais uma vez, que o governo Bolsonaro subestima a pandemia que já vitimou mais de 130 mil brasileiros. Ele quer fazer voltar a operar, presencialmente, um órgão que tem como principal público idosos e pessoas com diversas enfermidades. Isso é um absurdo. A gestão do INSS precisa ouvir os trabalhadores que estão na ponta, e só reabrir quando houver segurança sanitária. Não podemos aceitar a visão que a Covid-19 tem que seguir matando brasileiros, só porque Bolsonaro quer imprimir a irresponsabilidade como marca de governo”, afirmou Sandro.