Vamos fazer uma série de postagens explicando termos que estão cada vez mais comuns na conversa política nacional. Nesse primeiro post explicamos como surgiu o fascismo e quais as características dessa ideologia autoritária.
Nunca antes na nossa história se buscou tanto informações sobre o que é o fascismo. O momento político que vivemos e ascensão de ideias autoritárias levou a uma explosão de buscas pelo termo no Google. Apesar de apresentar diferenças com o fascismo europeu do início do século XX, a situação brasileira guarda semelhanças com esse movimento violento, ditatorial e sanguinário.
O Fascismo pode ser considerado uma ideologia, mas também já se configurou em regime político vigente em alguns países do mundo, como na Itália e Alemanha. Entre as principais características está o ultranacionalismo, o militarismo, o culto cego a uma liderança, um populismo extremo e um apelo a perseguição de opositores, que no fascismo são quase sempre desumanizados em um longo processo de humilhação e destruição de reputações.
Para muitos historiadores, o terreno para que fascistas ganhem força é sempre o de momentos de crise econômica e social, onde a frustração política leva os cidadãos a reagirem de forma emocional, buscando respostas simples para problemas complexos. São sempre movimentos que iniciam pequenos e irrelevantes, mas ganham espaço e projeção quando setores tradicionais da política enfrentam uma crise de credibilidade perante a população. Recebem apoio econômico de grandes grupos econômicos, mas também ganham suporte social, principalmente, de setores da classe média.
Surgido nos anos 20, o fascismo teve como marco representativo o modelo italiano, liderado por Benito Mussolini. Contudo, teve repetição de preceitos por outros países europeus, foi o caso do Nazismo da Alemanha. Um partido fascista chegou a existir no Brasil. A chamada Ação Integralista Brasileira foi a maior organização fascista no país, e teve entre seus membros potiguares influentes como Câmara Cascudo, Monsenhor Walfredo Gurgel, Clóvis Sarinho e Miguel Seabra Fagundes.

Os inimigos do fascismo são sempre alvo de teorias da conspiração, onde os fascistas estão sempre sobre iminente ameaça de ataque por um inimigo externo articulado e poderoso. Os fascistas constroem um discurso de medo contra opositores para assim angariar apoio popular e implementar medidas truculentas e de restrição de liberdades individuais. Eles alimentam e se alimentam dessas teorias da conspiração.
No fascismo, os opositores devem ser silenciados e perseguidos. Foi o que aconteceu com o holocausto, onde judeus foram desumanizados pelo regime de Adolf Hitler, sobre o falso pretexto de que eles eram causadores dos males que afetavam a Alemanha após a derrota na Primeira Guerra Mundial. O racismo, com a ideia de construção de um ser superior, excluindo credos e etnias diferentes também é uma característica comum de regimes fascistas.
É um regime não aceita a diferença, assim também não aceita a ideia de instituições e poderes independentes. No campo armado, busca criar milicias de apoiadores que deem sustentação ao líder, que no fascismo é o modelo ideal de cidadão. O líder é o dono da verdade, e está acima de qualquer questionamento. Assim, no fascismo o direito ao contraditório é negado, e o pensamento opositor precisa ser eliminado. Para isso acontecer o fascismo tenta controlar a política, a definição do que pode ser considerado cultura, tenta controlar a imprensa e incentiva a realização de uma propaganda que ressalte as qualidades do líder e sua pureza moral.

Apesar de diferenças pontuais, vemos no Brasil a construção e o fortalecimento do que se chama neofascismo. Agora articulado usando a internet e as mídias sociais para propagação de ideias ultranacionalistas, defesa do militarismo, armamento, além da perseguição contra grupos considerados opositores, como a imprensa e partidos de esquerda. Também vemos uma pressão autoritária de grupos que apoiam o presidente Bolsonaro sobre outros poderes, demandando ações truculentas e o rompimento institucional com a instalação de uma ditadura militar. Grupos paramilitares neofascistas, como o que realizou uma caminhada com tochas em Brasília, também se apropriam de símbolos usados por movimentos de extrema-direita no mundo. As tochas, por exemplo, estão associados aos movimentos fascistas de supremacia branca. A construção de uma frente antifascismo é fundamental para barrarmos essa ameaça autoritária, que só na Itália de Mussolini levou a morte de mais de meio milhão de pessoas.

