Afinal, o que é fascismo?

Uncategorized | jun 12 | 2020 | No Comment

Vamos fazer uma série de postagens explicando termos que estão cada vez mais comuns na conversa política nacional. Nesse primeiro post explicamos como surgiu o fascismo e quais as características dessa ideologia autoritária.

Nunca antes na nossa história se buscou tanto informações sobre o que é o fascismo. O momento político que vivemos e ascensão de ideias autoritárias levou a uma explosão de buscas pelo termo no Google. Apesar de apresentar diferenças com o fascismo europeu do início do século XX, a situação brasileira guarda semelhanças com esse movimento violento, ditatorial e sanguinário.

O Fascismo pode ser considerado uma ideologia, mas também já se configurou em regime político vigente em alguns países do mundo, como na Itália e Alemanha. Entre as principais características está o ultranacionalismo, o militarismo, o culto cego a uma liderança, um populismo extremo e um apelo a perseguição de opositores, que no fascismo são quase sempre desumanizados em um longo processo de humilhação e destruição de reputações.

Para muitos historiadores, o terreno para que fascistas ganhem força é sempre o de momentos de crise econômica e social, onde a frustração política leva os cidadãos a reagirem de forma emocional, buscando respostas simples para problemas complexos. São sempre movimentos que iniciam pequenos e irrelevantes, mas ganham espaço e projeção quando setores tradicionais da política enfrentam uma crise de credibilidade perante a população. Recebem apoio econômico de grandes grupos econômicos, mas também ganham suporte social, principalmente, de setores da classe média.

Surgido nos anos 20, o fascismo teve como marco representativo o modelo italiano, liderado por Benito Mussolini. Contudo, teve repetição de preceitos por outros países europeus, foi o caso do Nazismo da Alemanha. Um partido fascista chegou a existir no Brasil. A chamada Ação Integralista Brasileira foi a maior organização fascista no país, e teve entre seus membros potiguares influentes como Câmara Cascudo, Monsenhor Walfredo Gurgel, Clóvis Sarinho e Miguel Seabra Fagundes.


Ditador Italiano Benito Mussolini, um dos idealizadores do fascismo

Os inimigos do fascismo são sempre alvo de teorias da conspiração, onde os fascistas estão sempre sobre iminente ameaça de ataque por um inimigo externo articulado e poderoso. Os fascistas constroem um discurso de medo contra opositores para assim angariar apoio popular e implementar medidas truculentas e de restrição de liberdades individuais. Eles alimentam e se alimentam dessas teorias da conspiração.

No fascismo, os opositores devem ser silenciados e perseguidos. Foi o que aconteceu com o holocausto, onde judeus foram desumanizados pelo regime de Adolf Hitler, sobre o falso pretexto de que eles eram causadores dos males que afetavam a Alemanha após a derrota na Primeira Guerra Mundial. O racismo, com a ideia de construção de um ser superior, excluindo credos e etnias diferentes também é uma característica comum de regimes fascistas.

É um regime não aceita a diferença, assim também não aceita a ideia de instituições e poderes independentes. No campo armado, busca criar milicias de apoiadores que deem sustentação ao líder, que no fascismo é o modelo ideal de cidadão. O líder é o dono da verdade, e está acima de qualquer questionamento. Assim, no fascismo o direito ao contraditório é negado, e o pensamento opositor precisa ser eliminado. Para isso acontecer o fascismo tenta controlar a política, a definição do que pode ser considerado cultura, tenta controlar a imprensa e incentiva a realização de uma propaganda que ressalte as qualidades do líder e sua pureza moral.


Grupos fascistas são caracterizados pela violência que reagem contra ideias e grupos opositores. O fascismo busca eliminar as diferenças para que exista um pensamento único.

Apesar de diferenças pontuais, vemos no Brasil a construção e o fortalecimento do que se chama neofascismo. Agora articulado usando a internet e as mídias sociais para propagação de ideias ultranacionalistas, defesa do militarismo, armamento, além da perseguição contra grupos considerados opositores, como a imprensa e partidos de esquerda. Também vemos uma pressão autoritária de grupos que apoiam o presidente Bolsonaro sobre outros poderes, demandando ações truculentas e o rompimento institucional com a instalação de uma ditadura militar. Grupos paramilitares neofascistas, como o que realizou uma caminhada com tochas em Brasília, também se apropriam de símbolos usados por movimentos de extrema-direita no mundo. As tochas, por exemplo, estão associados aos movimentos fascistas de supremacia branca. A construção de uma frente antifascismo é fundamental para barrarmos essa ameaça autoritária, que só na Itália de Mussolini levou a morte de mais de meio milhão de pessoas.